Por Marciane Santo
Diretora Técnica do Sebrae no Amapá
Em um momento tão
delicado como o que estamos vivendo, em que uma pandemia coloca em risco a
nossa própria existência, as reflexões que fazemos são as mais profundas, sejam
morais, ideológicas, filosóficas, políticas, sociais e econômicas.
Especialistas já começaram a fazer as mais diversas previsões de cenários econômicos: em cenário otimista, o Governo Federal, por meio do Ministério da Economia, anunciou uma retração de 4,7%, já a aposta do boletim econômico Focus é mais realista, a aposta é em torno de uma contração de 5,2% e, por fim, a BTG Pactual, que prevê um tombo de 7%, o que assusta todo e qualquer empreendedor e empreendedora.
O cenário econômico brasileiro para o pós-crise é extremamente desafiador, desafiador para homens e mulheres. Contudo, os contornos são mais profundos para o sexo feminino. Os fatores para o aprofundamento da crise em negócios liderados por mulheres são diversos, e foram analisados através de pesquisa recente do SEBRAE que monitora os impactos nos pequenos negócios. Vejamos:
- 52% das mulheres paralisaram “temporariamente” ou “de vez” suas atividades, contra 47% dos homens
- 34% das mulheres estão com dívidas, já os homens representam 31%
Mesmo em um cenário
histórico de retração econômica, com o número superior de negócios liderados
por mulheres fechados aos negócios liderados por homens, apesar de estar mais
endividada, a mulher ainda conseguiu demitir menos durante a crise. Elas
buscaram outras alternativas para manter o trabalhador, tais como: a suspensão
temporária do contrato de trabalho, antecipação de férias e flexibilização dos
horários.
A sensibilidade
feminina certamente falou mais alto. A mulher busca de forma habilidosa,
garantir direitos para homens e mulheres, e a manutenção dos empregos em plena
crise, é um belo exemplo de empatia, de justiça e de respeito ao outro.
Em outra abordagem
realizada em artigo anterior, já havia deixado claro a dificuldade de acesso à
crédito em maior escala para as mulheres, o que se torna ainda mais evidente no
momento da crise. Observe:
- 44% das mulheres donas de negócios entrevistadas, afirmaram nunca terem buscado um empréstimo bancário, contra 38% dos homens. E desde o início da pandemia, apenas 34% das mulheres, de fato, buscaram empréstimos, contra 41% dos homens. Essa tendência se confirma no dado de que, nessa crise, as mulheres pretendem pedir menos empréstimos que os homens (54% contra 64% dos homens).
Segundo o
levantamento, as mulheres estão lhe dando melhor com as ferramentas de marketing
digital necessárias em tempos de distanciamento social, buscam mais soluções
digitais que os homens, para continuar funcionando (34% contra 31%) e avançando
mais que os empresários do sexo masculino no sentido de implementar as vendas
on-line, além de apresentarem mais interesse por cursos, treinamentos e
capacitações à distância.
O estudo do Sebrae
revelou ainda, que as mulheres estão ligeiramente mais otimistas que os homens
sobre quanto tempo vai demorar para a economia voltar ao normal. Após a
pandemia, elas apostam em 10 meses, contra 11 meses no caso dos homens.
Para as mulheres que
foram ouvidas na pesquisa, as medidas adotadas durante a crise podem até
compensar, auxiliar de alguma forma, mas ainda não resolvem. Essas
empresas tiveram o seu faturamento reduzido e, apenas 15% delas, estavam
preparadas para um momento como esse, necessitando, portanto, da ampliação de
medidas de apoio tais como: linhas de crédito sem juros e auxílio temporário
para a subsistência.