Trabalho com sobras de madeira certificada e com cipó
extraído de forma sustentável, na Floresta Amazônica, está em risco de extinção
Denyse Quintas
De Vitória do Jari/Amapá
Vitória
do Jari, está localizado a 305Km, da capital do estado do Amapá, Macapá. O
município, assim como todo o estado, possui biodiversidade intacta, maior
riqueza da Amazônia. Silenciosamente há algo valioso que anda em paralelo,
quando destacamos quem vive alí – a persistência, apesar de todas as
dificuldades e a invisibilidade de estar a quilômetros da capital, há 16 anos
surgia a arte em cipó e em madeira manejada e certificada, representada pelo
artesão Erivaldo Andrade, único profissional em toda a região sul do estado e
no Vale do Jari.
Artesão
Erivaldo
Andrade Almeida (43), nasceu no Município de Laranjal do Jari/Amapá; apaixonado
por arte e pela natureza, antes de trabalhar diretamente com artesanato, já
desenhava e a arte sempre foi a principal paixão. O amor pela natureza se
resume em cada peça única e exclusiva que produz.
São móveis
de cipó, no início eram móveis rústicos de cipó, agora apresenta técnica da
marchetaria com o cipó; resina com o cipó; cestas; baús; canudinho de bambu;
tábuas de churrasco; colheres; e mesas com resinas.
“Dediquei
16 anos da minha vida, investi em capacitação, para aprimorar uma técnica, para
desenvolver um modelo de móvel, utilizando a marchetaria, resina e, por meio
das minhas habilidades consegui desenvolver vários produtos. Meu sonho, é
mostrar o nosso artesanato, por meio de divulgação. Na minha opinião, o
artesanato é a cultura do nosso povo e que está sendo perdida. Hoje, ninguém
quer ser artesão, porque não tem oportunidade, não tem valorização”, relata o
artesão de Vitória do Jari/AP, Erivaldo Andrade.
Projeto
Ele,
fala do sonho em realizar o projeto de transferência de conhecimento e dar
aulas gratuitas aos jovens de Vitória do Jari/AP com apoio de parceiros, e
ensinar o artesanato com técnica específica na arte com cipó. O objetivo é
manter a cultura Amazônica viva e manter no município, esse profissional
qualificado.
“A mão
de obra tem que ser qualificada para fazer produtos únicos e exclusivos, é
realizando esse projeto que a gente vai conseguir essa mão de obra e poder
atender a demanda interna e principalmente, externa. Por esse motivo, quase não
coloco meus móveis na internet porque a procura é muita, e eu não tenho ainda
condições de atender toda essa demanda pois são produtos artesanais”, explica o
artesão Erivaldo Andrade.
Matéria-Prima
O
artesão Erivaldo Andrade, recebe matéria-prima da Fundação Jari, descarte com
valor agregado, pois tem garantia de madeira certificada, entre as espécies
estão, maçaranduba, acapu, jacarandá, angelim rajado, itauba e outras. O cipó,
é uma matéria-prima, doada e retirada em propriedades particulares na floresta
Amazônica. Alguns sítios possuem árvores que caíram a bastante tempo, e/ou
propriedades que aproveitam a madeira e o artesão coleta os galhos.
Fundação Jari
Em
2021, no momento, em que pensava em abandonar o artesanato e procurar um
emprego, o coordenador de Operações Sociais da Fundação Jari, Rafael Almeida,
foi conhecer a arte e talento do artesão Erivaldo Andrade. “Pedimos a ele uma
chance de ajudá-lo a resgatar seus sonhos. Hoje, Erivaldo tem acesso a todo
tipo de raízes e resíduos de madeira, de origem florestal manejada e
certificada pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC) – Selo Verde, doadas pela
Empresa Agregue, que é parceira da Fundação Jari, no Programa REDD+Jari
(Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Ambiental no Vale do Jari).
Mercado
“Estamos
colocando o trabalho desse talentoso artesão em contato com diversas empresas e
organizações nacionais e internacionais, constatando as palavras do artista
brasileiro Raul Seixas, quando cantava que - Sonho que se sonha junto é
realidade", parafrasia o coordenador de Operações Sociais da Fundação
Jari, Rafael Almeida.
Problema
Por um
tempo, o artesão Erivaldo Andrade, estava num processo de mudança de ramo de
atividade, justamente por falta de apoio. Ele, ressalta que tem o conhecimento
e técnica, mas não tem a mão de obra qualificada, suficiente para atender as
demandas, e em consequência, perdeu vários contratos. Erivaldo, enfatiza que o
artesanato precisa de organização, e que ela, é fundamental em qualquer ramo, e
no artesanato não é diferente.
“Preciso
de apoio para agregar valor aos nossos produtos do artesanato e tocar o projeto
de transferência de conhecimento, caso contrário, daqui a mais um tempo não vou
conseguir viver só de artesanato, e como a técnica está somente comigo, poderá
ser perdida, essa é a realidade do artesão. Graças a Fundação Jari, não
abandonei o artesanato, ela chegou, me deu apoio, deu valor aos meus produtos,
aí as coisas começaram a voltar como eram antes; motivado, o pessoal me ajuda
com as divulgações e com os rótulos de produtos”, pondera o artesão Erivaldo
Andrade.
O artesão, possui uma pequena loja virtual no Instagram -
@erivaldoandradealm, acredita que o aproxima de clientes e poderá enviar os
produtos para qualquer lugar do Brasil, via internet. “É uma aceitação muito
grande e bastante pessoas interessadas, mas quando perguntam você manda para
tal lugar, infelizmente tenho que responder que ainda não; então, a gente perde
muito o valor de vender para muitas pessoas, por falta de logística, uma coisa
que todo mundo consegue hoje em dia, que é vender pela internet”, expõe o
artesão Erivaldo Andrade.
Ele,
explica que as tábuas de churrasco que produz, são de altíssima qualidade de
madeira, têm valor agregado por serem de aproveitamento de madeira de manejo e
certificada, e vende com valores entre R$ 300 e R$ 350 reais, e os concorrentes
vendem tábuas com menor valor agregado e por preços que variam entre R$ 800 e
R$ 1.500 reais.
“Então
o problema não é o preço, não é a qualidade do produto, mas é a logística desse
produto para chegar na casa do cliente lá fora, é isso que não alcançamos”, explica
o artesão Erivaldo Andrade.
As tábuas para churrasco são destaques do artesão por serem feitas
com matéria-prima natural, com polimento a base de cera natural de carnaúba
pura, óleo mineral natural, para não terem contatos com resíduos tóxicos na utilização.
Marca
A logomarca utilizada pelo artesão Erivaldo Andrade, é uma folha
de uma espécie de árvore local chamada Amapaseiro que dá origem ao nome do
estado Amapá. A técnica usada no desenho da folha é chamado Traçado Único; e o
significado é a união entre ele, a esposa e os filhos.
A ideia foi criar um nome simples, que fosse de fácil lembrança ao
cliente quando precisasse de móveis de cipó, remetesse imediatamente, à própria
espécie CYPO'S e o Wood, que significa madeira em inglês.
Contato
Artesão
Erivaldo Andrade
Instagram:
@erivaldoandradealm
(96)
99135-5166
Nascimento:
22 de abril de 1979
Endereço:
Avenida Novo Horizonte, Casa 467 – Bairro Cidade Livre
CEP:
68924-000
Vitória
do Jari – Amapá.
Serviço:
Sebrae
no Amapá
Unidade
de Marketing e Comunicação: (96) 3312-2832
Central
de Relacionamento: 0800 570 0800
Agência
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